terça-feira, 30 de junho de 2009

Chuviscos da TV.


Nesse mundo que vivo
Eu vivo nesse comboio de gente
Aqui dentro tá tudo tão frio
E eu sem nada em mente

Olho na janela, e chove lá fora
Chove tambem aqui dentro nos chuviscos da minha TV
E nela nada se vê.
Eu venho a escrever, e faço da caneta a minha refém, ela lacrimeja no papel


Escrever é a maneira de ser o outro sem deixar de ser a gente mesmo.


Eu só escrevo porque tenho sede. Eu tenho sede de palavras, e na minha sede a
boca cede.

As rachaduras da minha boca se parecem com as de um hospital velho, onde
o doente sente frio, e a esperança de sair,e ir,ir e ir...

Olho na janela e chove lá fora. Chove também aqui dentro nos chuviscos da
minha TV.





Continuo sentado e, ainda está frio
O anjo do meu ombro já dormiu
Hoje ele não me esperou
Dessa vez se cansou.


Olho na janela e chove lá fora. Chove também aqui dentro nos chuviscos da
minha TV.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cicatriz.

Agora estou aqui, agora eu estou aqui feliz.
Você tem esse poder sobre mim.
Seu olhar me fez assim.
Suas palavras me apertam o coraçao e faz surgir um sorriso timido.

Meu desamparo, usa de você como apoio.
Como uma bengala, apoia o doente.
Voce é assim pra mim, pra nós
Menina alegre e sorridente.

Meu pensamento pode lavar
Minha ferida cicatriza no teu canto
Quero você aqui, quero te levar
Foi isso que me fez teu encanto.

Sou disposto a você, sou assim por voce. Há tempo isso é assim.
Permita-se meu amor.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Depri-Minto

Hoje nada me acalma
Hoje eu reconheci que sou lamentável
Hoje eu vi minha face inútil
Hoje eu descobri toda minha futilidade.


Hoje eu vi que sempre servi
Hoje eu vi que sempre estive disposto
Hoje eu vi de que nada servi
Hoje eu vi que esse não era meu posto


Hoje eu queria que fosse o ultimo
Hoje eu queria ter pulado
Hoje eu queria ser o único
Hoje eu queria ter deitado.

Hoje pode ser que amanhã não exista mais !


( a decepção tomou conta de mim )

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Poeta!

Sou um fingidor
Finjo tão completamente
Que chego a fingir que sou dor
A dor que deveras sinto


E os que lêem o que escrevo
Na dor lida sentem bem
Não as dores que eu tive
Mas só as que eles não têm


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Poeta Fingi-dor!

(Adaptei-Fernando Pessoa)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Porta automática.

Esse cara era invisível, insignificante, ninguém o notava, pra ele ninguém cantava, pra ele o sino da igreja não soava, a moça do mercado pra ele, “ oi” não dava .
A passagem do ônibus o cobrador não cobrava, a rua ele não atravessava, e o professor o matéria não ditava. Os seus gols ninguém comemorava , a torcida ele não agradava. Sua amada não o beijava.
Ele ninguém notava, ninguém , ninguém mesmo.

Para que se possa ter um noção da dimensão da sua ausência:

Certo dia ele foi ao shopping e pra ele a porta automática não abriu!
a porta automática não abriu!
a porta automática não o viu!


E quando entrou a escada rolante, pra ele não ROLOU.